My world. My words

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João Pessoa, PB, Brazil
Assim como o mar: Certos dias, sou calmaria; Noutros, intensidade.

sábado, 19 de maio de 2012

Falsos mestres

Não confio em ti
Porque tua voz, embora entoada docemente,
soa como grito aos meus ouvidos;
Me grita a tua audácia em pensar que sois vítima da má sorte.

Não confio em ti
Porque tua aparente calma não é calma: é controle.
Cada palavra parece ensaiada para tocar fundo
E exatamente por isso é que não toca.
Sabes intuir e te orgulhas do que és capaz de 'receber' ou 'curar'

Te colocas em posição de  mestre sem que tenha sido elegido como tal.
Tu traças um pressuposto pobre e pueril a meu respeito 
Mas não há prece ou canções sagradas
que substituam o respeito verdadeiro.

Podes encher tua casa e tua boca com orações prontas ou intuídas
Mas nenhuma palavra vinda de ti convencerá
Enquanto não se enxergar a concretização da coerência entre teu ideal de vida, pensamentos e práticas.

Ainda que o mundo te vangloriasse,
ainda assim, eu te consideraria uma farsa.
Antes de pretenderes ser mestre,
faça um bem para a humanidade: cuida-te de ser mestre de si mesmo,


E desvista-se da máscara da hipocrisia.
As pessoas sábias conseguem silenciar
e compreender que somente a vida é capaz de ensinar com maestria. 

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Sobre a vaidade


Quem nunca disse ou fez algo no intuito de se exibir? Aparecer, chamar a atenção sobre si, se sobressair na multidão?? Mesmo os mais discretos podem usar do próprio recato como uma forma de se diferenciar dos demais. É normal, é humano. Admitam. Ninguém está aqui condenando coisa alguma.

Às vezes a gente quer aparecer e nem mesmo admite. Há muitas formas de querer se afirmar ou simplesmente receber um pouco de afeto, que são veladas, talvez porque se tenha vergonha de assumir que, no fim das contas, o que se quer mesmo é chamar a atenção. Simples assim.

Você pode ter um corpo exuberante, uma cultura geral fantástica ou ainda uma polpuda conta bancária... vai me mentir que nunca usou uma dessas coisas para se achar mais importante, mais belo, mais rico, mais socialmente aceitável do que os humildes mortais?

Parece ser inerente ao ser humano usar os dons que recebeu ou as coisas que conquistou como forma de afirmar-se diante dos outros. "Eu sou talentoso, então sou especial". "Sou bela, então a natureza me agraciou". Doce ilusão.

Isto seria apenas mais uma face engraçada do nosso comportamento se não tivesse como raiz uma insegurança absurda em ser o que se é, simplesmente, sem precisar mostrar competência, conhecimento ou afirmar o próprio valor a cada 15 minutos.

Uma conta bancária recheada te traz mais conforto e segurança material. Ponto. Você não terá mais amigos por causa disso. O que você pode ter é mais gente puxando o seu saco porque quer o que você tem. Quanto à beleza, ela certamente faz muito bem aos olhos, torna a pessoa mais atraente. Mas qualquer mulher sabe que não será mais amada porque tem o rosto ou a bunda bonita. Você conseguirá chamar mais atenção e atrairá homens que te desejam sexualmente. E pronto. Isso não garante nada, caia na real.

Você também pode ser sedutor e deixar um rastro de mulheres apaixonadas e com o coração destroçado atrás de você. Grande merda. Cada uma delas lembrará de você como um canalha e acabará nos braços de um homem mais sensível, que tenha algum conteúdo. Você também pode ter um talento extraordinário pra qualquer coisa que seja. Isto significa apenas que você terá desempenho fantástico naquela área específica. Pode ser que no restante de sua vida você se comporte de forma quase tola e acabe por estragar até mesmo seu próprio dom.

Você também pode destroncar a língua falando difícil pra exibir sua cultura. Pode citar um milhão de autores, o que não quer dizer, de forma alguma, que você tenha idéias próprias. Você pode ter um cargo importante e comandar pessoas que dependem de suas decisões. Mas não se anime demais: você pode adoecer, perder, chorar e se desiludir igual ao mendigo da esquina. Aquele que você tem a impressão de que tem menos poder do que você, porque ele não usa terno.

Mencionar vitórias e conquistas, no fundo, pode ser apenas um meio de atrair olhares. Isso é humano, todas as pessoas do mundo querem atenção. Ninguém no planeta é tão independente que não se importe com o fato de ser odiado ou de passar despercebido. Mas não é melhor quando as pessoas nos amam também pelas nossas fraquezas?

Por que você acha que todos amam os bebês? A vulnerabilidade natural deles não dá um toque de inocência; não é uma fofura? Eles não fazem algo específico pra atrair afeto e, talvez por isso mesmo, o atraiam tanto. A naturalidade atrai. A inocência também.

Cadê a nossa inocência? Por que precisamos provar o atrasou tempo todo que somos bons e não nos contentamos em existir e evoluir naturalmente, como tudo o que vive no universo? Será que só mostramos as nossas vitórias porque não aceitamos a nós mesmos? E afinal, o que há de tão vitorioso em todo este fingimento?

Tudo na vida você pode perder. A única coisa que fica é você mesmo, sem adereços. Me parece que, no fim das contas, a grande vitória é conseguir ser o que se é, sem tantos enfeites e artificialismos. E sem contaminar-se por este fogo cruzado de vaidades que encobrem um medo brutal de não ser aceito.

Por: Juliana S. Davi

domingo, 6 de maio de 2012

Ser Mãe: Um constructo diário


A minha gravidez não foi planejada; tampouco a notícia foi celebrada por mim e pelo pai. Engravidei acidentalmente do meu primeiro relacionamento, azar este que terminou antes mesmo de eu ter o conhecimento sobre o meu filho. Eu me sentia grávida de um adolescente do interior, deslumbrado com a vida na cidade grande. Confesso, não foi fácil. Acredito que nenhuma mulher deseja dar a luz sozinha. Eu, pelo menos, não queria. Foram nove meses onde vivi o maior paradoxo de emoções da minha vida... Apreensão, incertezas, ansiedade, medo, revolta... paz, senti um amor tão puro, e felicidade! Estranho mesmo é sentir na pele todo esse turbilhão.
Grávida? Eu? Impossível! Eu nunca tinha sequer segurado um bebê no colo ou sonhado com esse fato tão cedo em minha vida. Poderia passar horas na frente de um computador discutindo filosofias vãs, mas, não parava a minha vida para admirar uma criança no shopping.
Passei noites em claro, todos os dias, buscando soluções e, nos intervalos, clamando a Deus por misericórdia e socorro. Eu não cochilei. Eu precisava assumir para mim mesma que deveria levar adiante a gestação com otimismo, para não prejudicar mais a minha saúde e a do meu filho.
O mundo parecia não fazer sentido. A minha vida tinha tomado um rumo completamente fora do meu controle. Onde estava aquela pessoa prática e segura de si, que sempre acreditou na auto resolução de seus problemas? A gravidez tinha roubado a minha personalidade? A notícia tinha certamente me desestabilizado. Me sentia sozinha.
Uma das frases que eu mais ouvi durante a gestação foi: “Tente ser tolerante e use da sabedoria porque homem só se torna pai quando o filho nasce”. Então, quer dizer que a mulher ao engravidar já se sente mãe? Absurdo! Infelizmente a sociedade ainda carrega uma visão muito distorcida desses casos.
Grávida e solteira. Meu Deus! E agora? O que seria da minha vida? E os planos, metas traçadas, pós-graduação, cursos, estágios, pesquisas, trabalho? Tinha sido tudo em vão? A minha vida tinha chegado ao fim? Como construiria minha vida agora com um bebê? A minha angústia crescia junto com a minha barriga.
Foi uma gestação de indagações. Cheguei a fazer terapia para entender porque eu não tinha uma gravidez cor de rosa e poética como todas as outras mulheres grávidas que os livros, novelas e filmes vendiam. Eu não me encaixava naquele padrão de mulher que chega ao ápice de felicidade por estar grávida. Mas a sociedade me cobrava este comportamento. Quantas vezes não ouvi de amigas: “Você não está feliz? Tem de aproveitar esse momento único na vida”.

Me sentia um ser humano desprezível, por não conversar e não amar a minha barriga. Onde estava aquele amor materno instintivo? Eu obrigada a ser feliz com esta nova realidade.
Fisicamente eu tive uma gravidez maravilhosa. Mas psicologicamente foi uma saga em busca de redescobrir quem eu era. Hoje, eu tenho certeza de que a minha gravidez não foi planejada por mim, mas sim por Deus. Aquela menina egocêntrica antes da maternidade já não existe mais. Não há palavras que descrevam o tamanho do carinho e régua que se mensure  a proteção que se pode ter por um filho. O amor materno, na minha concepção, é um amor construído no dia a dia. Amor este que se expressa nos pequenos gestos de carinho, proteção e cuidado. Eu nunca imaginei que uma coisa tão pequenina pudesse mudar tanto uma vida, e todo um templo secreto de emoções. Ser mãe é a melhor experiência que uma mulher pode viver!


UM FELIZ DIA DAS MÃES A TODAS AS MAMÃES, E NUNCA ESQUEÇAM: FILHOS CRESCEM, APROVEITE O SEU HOJE MESMO!!! =)

quarta-feira, 21 de março de 2012

Estranha e doce espera

É estranho eu esperar pra ter nos braços alguém que está agora mais perto do meu coração. E arrumar nosso lar aqui pra te receber enquanto você mora em mim. Essa espera é sentir uma saudade quase doída de alguém que ainda nem vi, mas já conheço. É como aguardar ansiosa um postal de um amigo de longa data que sempre esteve no meu quintal. É saber que não importa o quanto chova hoje, que amanhã vai ser um dia de sol.

É aquela música que eu sei cantar sem nunca tê-la ouvido. Justo eu, sempre correndo tanto contra o tempo! Hoje, apenas sinto ele passar por mim... E ele bate suave nos meus pés como onda mansa. Confesso que caminho um pouco apreensiva, um tanto desajeitada aqui e ali, abrindo as asas, arrumando o seu ninho e eu, justo eu, que nem sei ainda voar!
Esperar você é olhar uma moldura sabendo que um dia uma obra de arte estará ali. É seguir por um caminho que nunca passei, e mesmo assim ter a certeza de que não importa aonde for, a partir de agora estamos indo para a casa.

terça-feira, 19 de julho de 2011